A história do Piriquito

Como qualquer adolescente, eu não era nada bonita. Óculos, borbulhas na cara, muito magrinha, cabelo impossível de domar….um desastre. Claro que todas as princesas passam por esta fase, têm de passar pelo patinho feio antes de chegar ao belo cisne. Bem, todas ou quase. Isto porque havia uma miúda no nosso círculo que era “a boazona” do grupo. Ela era sexy, divertida, gira e fashion, e todos os rapazes babavam por ela. No entanto, o gosto dela não recaía nos betinhos, tão em voga nessa altura; ela era mais rapazes assim pró rebelde pouco convencional. Vai daí que um verão quando ela volta de férias na praia e nos diz que conheceu um rapaz inspectacular, e radical e tudo de super brutal, nós ficámos cheias de inveja. Ela conseguia sempre que os rapazes giros se interessassem por ela e nós nada. Até ao dia em que ele veio visitá-la à terrinha. Lá estávamos nós na paragem de autocarro, ansiosas por conhecer o bonzão de seu nome “Piriquito” (LOL!), a ver todas as pessoas que saíam do bus quando a nossa amiga diz “é ele, é ele!” e nós a olhar feitas parvas “quem carai?”, “ali!”, “Onde?onde?”e nós a ver e ver, era só velhotes e feiosos e nada de gostoso. Até que ele se aproximou. E aí caíu-nos tudo. O bonzão do Piriquito era meio nico de gente; baixinho, de cabelo aloirado, magrito, calças largas à Resina (lembram-se?!?), ostentava com orgulho duas grandes argolas de oiro, uma em cada orelha (sim, eram o seu maior orgulho MESMO!). Nós ali à espera do um surfista todo jeitoso, tipo David Charvet (o hot da altura) ou Leonardo DiCaprio e sai-nos um meia leca com argolas de oiro, só lhe faltava o papagaio. Foi a maior desilusão de todos os tempos, como podem imaginar. Nós só olhávamos para a nossa amiga, completamente incrédulas, mas ela nem notou, de tamanha felicidade por ver o pássaro argolado.

Não era nada como este!!! (David Charvet da nossa altura teen)

O Piriquito por lá ficou uns dias, era todo “chavala” e “cenas bué de maradas”, radical e YO, não tinha medo de nada, era o herói da praia dele. Até que um dia vínhamos nós do bar da piscina (passávamos lá os verões) e passou um rapaz cigano por nós que deu um encontrão ao Piriquito (pareceu-me que não foi com intenção, mas não digo nada…se calhar tamém era fã da nossa amiga!). Ora o Passaroco passou-se logo e começou a mandar vir “Atão men, tás-te a passar, não vês por onde andas” e tal, e o outro subiu-lhe a mostarda e aproximou-se logo a fazer peitaça e a falar-lhe assim de cima muito perto dele, sabem, quando os homens discutem assim perto e mais parece que se vão beijar?!?? Ele pôs-se assim para o Piriquito, e dizia “sabes quem eu sou, sabes??? Sabes quem é o meu pai???”(kakakakak) e o pseudo-surfista-arraçado-de-pássaro a borrar-se todo, tremia que nem varas verdes, só lhe faltava começar a chorar. Nesta altura eu e elas não sabíamos se havíamos de ter medo, de intervir, de fugir ou, claro, de largarmos à gargalhada (mais a última)!

Ele lá balbuciou um “tá tudo, na boa”, a muito custo e o outro “bazou”, mas antes ainda lhe deu uma meia cabeçada no nariz que deixou o Piribird de lágrimas nos olhos e durante meia hora a pôr a mão no nariz a ver se sangrava e só dizia “hey man hey man….”, e “eu até lhe acertava umas boas mas não queria confusões…”. Depois disto, a imagem de “rei do bairro” caiu por terra, e 2 dias depois ele foi recambiado para a terra dele, depois da nossa amiga nos confessar que já não o podia aturar, e que pior, ele lhe comia os cereais todos. Não se admite!!!

Ósculinhos piriquitianos!!!!

I´m Piriquito and I´ll kill you!

PS: Sempre que recordamos esta história choramos a rir, que foi o que aconteceu este fds. Obrigada Piriquito (onde quer que estejas) por fortaleceres os nossos abdominais!!!!