segunda-feira, 12 de novembro de 2012

A história da Jonet e da poupança e blábláblá

Já muito se disse a propósito das declarações de Isabel Jonet, a presidente do Banco Alimentar Contra a Fome. A verdade é que só tive conhecimento disto através dos vários blogs que leio diariamente, também porque, confesso, ultimamente não tenho visto as notícias na tv, apenas pelo simples facto de que a crise e a troika e a austeridade são quase a única notícia do dia e este assunto já deprime e revolta qualquer um.
Adiante, vi a dita entrevista e, na minha opinião, a senhora teve alguns comentários infelizes, mas não justificativos de uma suposta demissão de uma mulher que tem dedicado toda a sua vida a uma causa.

Depois, muito se fala de que em "Portugal não há miséria" e de que "os portugueses vivem acima das suas possibilidades". Em relação a isto eu digo, em Portugal há miséria sim senhor. Basta passarem no centro do Porto à noite e vão ver quantos sem abrigo andam por lá. Em Portugal há muitas pessoas a passar dificuldades e isso vê-se diariamente; desde pedidos de livros às instituções, porque não há dinheiro para pagar os manuais escolares, até os doentes não virem fazer os exames aos hospitais porque não há dinheiro para transporte e taxas moderadoras, passando pelas vendas de nestum que aumentaram exponencialmente porque não há dinheiro para comida mais "substancial". Vemos casos de dificuldades financeiras todos os dias, e só não vê mesmo quem não quer ou quem anda muito distraído.

Em relação aos portugueses viverem acima das suas possibilidades, não sei até que ponto concordo com isto. Tudo bem que sabemos que havia pessoas a pedir créditos para irem de férias, mas não era verdade que os créditos eram concedidos a todos e mais alguns? E não é verdade que todos tinham emprego, e que no espaço de uns poucos anos, muitos ficaram no desemprego? Pensem num família em que ambos tinham emprego, viviam tranquilos com o seu empréstimo para casa e carro e salário para o pagar, e para dar playstations e tudo aos seus filhos. Podiam não poupar, mas a verdade é que o vencimento chegava bem para a sua vida desafogada. Agora pensem que esse emprego estável foi-se, e de um dia para o outro um ou mesmo os 2 elementos do casal ficaram sem emprego e sem rendimentos para pagar as contas. Ou sem subsídios para os extras como seguro do carro, inspecções, manuais escolares. Ou mesmo sem quase 40% do seu salário, com o aumento brutal de impostos. As pessoas não podiam adivinhar o que vinha por aí. E agora a culpa é dos portugueses, que não são poupados. A culpa não é dos governantes que esbanjaram o dinheiro dos cofres, que pagaram dividas multimilionárias a bancos, que gastaram milhões em inaugurações disto e daquilo, que beneficiaram amigos e empresas com contratos prejudiciais para os portugueses, que ficaram a dever a cão e a gato porque de onde vinha aquele vinha sempre mais. A culpa não é da má gestão governamental, a culpa é sim dos portugueses que não sabem poupar. A isto só tenho a dizer: por favor, enxerguem-se e POUPEM-ME!

E só por causa disto, hoje não há ósculinhos para ninguém.

PS: Será que sempre deram canjinha à Merkel??!

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